quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Descoberta a origem da Parkinson

Um estudo indica que a composição das bactérias intestinais poderá estar relacionada com a doença. Foi realizado por uma equipa internacional e conduzida pelo investigador da Califórnia Sarkis Mazmanian

02 de dezembro de 2016 às 17:23 | FitSaúde
Michael J. Fox foi diagnosticado com Parkinson em 1991. Desde então, tem sido uma das figuras públicas que dá a cara pela doença.



É uma doença degenerativa, do sistema nervoso central, que, geralmente, começa a manifestar-se através do tremor constante de um dos membros do corpo, acabando por se estender aos outros. Apesar de saberem que o Parkinson está relacionado com mudanças no cérebro, médicos já sabiam que esta doença também afeta o sistema digestivo. Pacientes queixam-se, regularmente, de inchaço abdominal, dificuldade em engolir ou de fazer a digestão, tudo sintomas que, regra geral, tendem a aparecer anos antes dos verdadeiros sinais da doença.
Já existia uma ideia vaga que relacionava o sistema digestivo e o Parkinson, mas nada de muito concreto. Mas agora já existem dados mais concretos. De acordo com a revista “Time“, uma equipa de investigadores internacionais conseguiu, pela primeira vez, encontrar uma ligação direta entre os dois: Sarkis Mazmanian, investigador principal, membro Instituto de Tecnologia da Califórnia, descobriu que alterações na constituição das bactérias intestinais podem ter um papel importante no aparecimento desta doença.
O estudo foi testado em ratos e publicado no jornal cientifico “Cell”. De acordo com a “CNBC“, foi feito em três etapas, sendo que a última foi a mais determinante: quando o investigador transplantou amostras de bactérias intestinais de pessoas com Parkinson para os animais, os sintomas da doença pioraram. Por outro lado, nos ratos que receberam amostras de pessoas sem a doença, não se verificou nenhum alteração na doença.
“O que concluímos a partir disto é que há um perfil microbiano que é diferente no Parkinson. Essas mudanças podem estar a contribuir para a doença. Estamos longe de provar que o caso se aplique em seres humanos, mas pelo menos sabemos o que é que os dados sugerem quando feitos os testes em animais”, refere Mazmanian.
Estes resultados assumem um papel tão importante porque vêm dar a possibilidade de alterar o padrão de tratamento da doença: “O melhor alvo de tratamento podem ser os intestinos e não o cérebro”, refere a “CNBC”. Para isso, o método passa pela criação de probióticos “da próxima geração”, mais sofisticados e avançados. 
À “BBC” o mesmo investigador diz: “Podemos imaginar que, talvez um dia, serão prescritos aos pacientes medicamentos, feitos através de bactérias, que os protegem da doença ou até mesmo tratar seus sintomas de doença.”
De acordo com o que relata a “Time”, o investigador tem uma lista com cerca de uma dúzia de espécies de micróbios que podem ser relevantes no tratamento desta doença. Algumas não estão presentes nos intestinos de pacientes com Parkinson, o que sugere que elas são importantes na protecção contra a mesma. Mazmanian criou uma companhia — a Axial Biotherapeutics — que pretende estudar estas espécies como uma futura possibilidade de tratar doenças de foro cerebral.
Fonte: nit.pt


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